domingo, 26 de julho de 2015

Ninguém precisa de poesia

Ninguém precisa de poesia
Pra quê? Pra nada.
Ninguém precisa de poesia
pra se sustentar
até porque ninguém vai comprar

Ninguém precisa de poesia
pra namorar.
Não serve pra conquistar uma paixão
porque ninguém é mais romântico
e porque a moça vai ter preguiça
de ler o poema inteiro.

Ninguém precisa de poesia
pra dar um jeito no país
incitar aquela revolução, sabe?
porque também ninguém vai ler

Ninguém precisa de poesia
pra querer ser mais feliz
porque do jeito que revela 
o mundo e o interior humano
não é lá muito empolante.

Não é produtiva
Não é econômica
Não é essencial à vida moderna
embora trate de essências
Não é útil
Pra nada serve
Tá...
Sim...
Certo...
Mas e daí?
Anderson Câmara
26JUL2015

Falta

Se os caminhos contassem as histórias
dos pés que por ele caminharam
Se soubéssemos quão grande é 
a lacuna das histórias esquecidas
Quão grande é a vaga deixada
pelas palavras que não se permitem
ser ditas!

Se a gente pudesse escrever
e sonhar ao mesmo tempo
lembraríamos que o mundo
não é tão cinza assim
temos cores em si
se soubéssemos, talvez,
o mundo não trabalhasse tanto
a ponto de não ter tempo 
pra sonhar e dormir.

Não tem sentido
só tem essa palavra
repetida perpetuamente

Falta...
Falta o que?
Bem... se eu soubesse, não faltaria.
Mas a falta tá aqui.
Boa ou ruim...
Tem coisa mais presente
que a ausência?

Anderson Câmara
26JUL2015

domingo, 19 de julho de 2015

Palavras desperdiçadas

Catei umas palavras
que as pessoas desperdiçam
que elas soltam por aí
levianamente, inconsequentemente

Algumas eram minhas
só pra fazer rima.
Outras achei jogadas
pelos caminhos dos ares
que bateram em ouvidos cerrados
e se dispersaram flutuando.
Outras achei no chão
que entraram em ouvidos abertos
e se converteram em lágrimas.
Algumas eram grandes
palavrões sem função na frase
Muitos eram tolice intencional
As piores era até perigoso pegar
exalavam ainda o velho veneno

Varri todas elas, não couberam no balde
nem na caçamba, nem no lixão
Não caberiam na mais vasta biblioteca

Mas que absurdo! Não se faz livros
com palavras desperdiçadas.

Anderson Câmara
em 06JUL2015

Mortificus celebrat


Não há nada de belo no bélico
Não há glória em buscar glória
Esmagando seu semelhante
Que nada tem de oponente

Não há honra em fazer eco
Das lutas pintadas a óleo
Que fizeram teus ancestrais

Tolo e vil é quem espera
Ser louvado fazendo guerra

Anderson Câmara

Mentiras

Mentiras

Reforma política
Ser alguém na vida
Se você gosta, não é errado
Não desista de seus sonhos
Igualdade
Justiça
Dinheiro
Carne de soja

Anderson Câmara

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Fotografia amadora de baixa resolução.

A vaga e a crista
 A vida é assim. Num dia tudo é lindo, no outro não dá nem pra ver a ponte Rio- Niterói.


Nauis
 A visão de através de uma vigia.


Magnetita
 E uma das coisas mais fascinantes da natureza é o magnetismo. Alinha grampos de papel e desvia os raios solares na direção dos pólos criando a Aurora Boreal.


Leviatã
Sabe aquelas coincidências maneiras? A criança está deslumbrada lendo Moby Dick e quando ingressa na UERJ dá de cara com isso: metade da mandíbula de um cachalote.Nem precisa olhar pro espaço pra pensar um pouco na nossa altiva pequenez.

Crepúsculo
E um pôr do sol pra não perder o costume.