Se levarmos em consideração a
simplicidade com que complexamente o ser humano é cconstituído, temos um leve vislumbre do quão maravilhosa é
a vida. Carbono, Nitrogênio, Hidrogênio e Oxigênio. Basicamente é isso, a esse nível você é igualzinho à
cadeira onde está sentado. De alguma forma, esses elementos se combinaram de um
jeito que montou você. Partindo da afirmação que o ser humano nada mais é que
um animal racional, analisemos os animais que são assim tão semelhantes a nós.
Um macaco que consegue martelar é incrível, não? Mas para os padrões de
façanhas humanas, isso não é nada. Por que o humano se tornou tão superior ao macaco
e tão superior à cadeira se é tudo basicamente a mesma coisa? Digamos então que
o comum seja o que vemos no reino animal e que sejamos nós a anomalia neste
meio. Olha só que magnífico é o ser humano: capaz de construir, de escrever, de
se comunicar de forma tão abrangente e precisa que duas palavras parecidas
chegam a soar a mesma coisa a um leigo. É capaz de criar sistemas tão
maestralmente incríveis usando de recursos tão simples, foi capaz de descobrir
e utilizar a eletricidade, uma força absurda que tem origem subatômica, para as
coisas mais incríveis e para as mais banais, como transportar um trem com duas
mil pessoas ou esquentar uma torrada. Foi capaz de desenvolver a escrita,
inúmeras e infinitas formas de expressar inúmeras ideias com apenas 26 letras,
e isso com vários idiomas. Aprendeu a moldar a terra de forma a fornecer o
sustento, mesmo que não seja capaz de fazer isso sem destruir tudo. Foi capaz
de criar sistemas complexos de administração, desde o equilíbrio entre o uso
dos sapatos à tarefa de administrar um país de 180 milhões. A ironia é que a
falha nos sistemas humanos é o próprio humano, de tão complexo e imprevisível.
E de tão completo, eficiente e engenhoso que o ser humano pode ser, ele se
esquece que é apenas C, N, H e O. Vulgarmente falando, esquece que é apenas uma
cadeira muito sinistra. O ser humano, vendo o quão sábio se tornou, e o quão
superior é em relação aos demais seres orgânicos, ousando ser superior à
natureza que devia respeitar, se acha muito mais do que é. O ser humano também
quebra, rasga, queima, para de funcionar do nada, a mente brilhante estraga por
uma lesão até pequena. E quando acontece um mal desses o ser humano lembra que
é frágil, que por mais que se cuide, dificilmente vai ver míseros cem anos se
passarem. E em vez de devolver a honra e a glória ao Ser que o fez ir do C,N, H
e O à espécie dominante cuja ambição alcança outros planetas, ele ignora sua
fragilidade e se tranca num estado alienado de otimismo e autoconfiança que só
tendem a tornar o fim um pouco mais doloroso. O homem pensa que pode tudo e que
vive para sempre, e então se esquece de Deus. Ignora que veio dele e fecha os
olhos para os sinais dessa dependência que tem a magnífica criatura pelo seu
supremo Criador.
A arte é aquela risada que um amigo te provoca no fim de um expediente difícil. A arte é aquela estrela que brilha no meio das nuvens densas. A arte é o reflexo do homem, com uma moldura mais bonita.
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
domingo, 3 de agosto de 2014
Políticos em Oferta (uns versos)
Políticos em oferta.
Venham, aproveitem a oferta
estamos em promoção
Com pouco na mão
você leva muitas destas
Dois vereadores
por uma moeda de cinquenta
Nem todos os vendedores
ofertam assim, vê, experimenta
Cinco num saquinho bem legal
Por vinte e cinco centavos
e de brinde um federal.
Você leva é seis deputados
E por cinquenta, lado a lado,
ex e atual presidente
Têm todos o mesmo valor corrente
pois são todos do mesmo saco.
29/07/2014
Venham, aproveitem a oferta
estamos em promoção
Com pouco na mão
você leva muitas destas
Dois vereadores
por uma moeda de cinquenta
Nem todos os vendedores
ofertam assim, vê, experimenta
Cinco num saquinho bem legal
Por vinte e cinco centavos
e de brinde um federal.
Você leva é seis deputados
E por cinquenta, lado a lado,
ex e atual presidente
Têm todos o mesmo valor corrente
pois são todos do mesmo saco.
29/07/2014
Eu e meus personagens.
Que tal falar algo sobre o processo de criação? Particularmente eu sempre achei interessante as peculiaridades de cada autor, mas aqui eu falo de algo que me foi "ensinado" e que constatei como verdadeiro depois que amadureci no processo de criação.
A princípio, peço perdão pela individualização do título. A razão disso é que narro a maneira como este autor funciona, os processos podem ser diferentes para cada um.
Não sou bom com dissertações, este blog é um refúgio para minha escrita desleixada, por isso vou direto ao assunto: eles te dominam.
Foi isso o que ouvi de uma escritora já experiente, lá nos meus longínquos (nem tanto) 17 anos. Não tinha escrito nada além de fanfics até aquele dia, e foi essa a conversa que me incentivou a criar. Eu, a princípio, achei incomum aquele conceito, e o rejeitei. Ela insistiu: "quando você começar a escrever, eles vão te dominar".
Mas como? Como algo fictício, que está se formando dentro da minha mente, pode ter mais voz que eu? Como pode um ser que nem existe ter autoridade sobre o que eu vou escrever sobre ele?
Isso me lembra um conceito novo que conheci recentemente, o de que a poesia não é visitada por nós, é a poesia que nos visita. E quando ela não está a fim, os versos saem forçados...
Você idealiza um personagem para um determinado enredo que você pretende escrever. Você "precisa", por exemplo, de um vendedor de mercearia que seja simpático com todos. Mas, quando vai escrever a primeiríssima fala do vendedor, ele diz uma arrogância. Você acha estranho, tenta apagar e reajustar, tenta fazê-lo ser gentil, mas tudo que você escreve pende para a ignorância do tal. E num momento em que você escreve sem se preocupar com ele, aí surge uma arrogância ainda maior. Você reclama, apaga, reescreve, mas o personagem bate o pé e diz: "eu sou assim!". E a partir daí, não tem mais o que fazer. O personagem já ganhou vida e tomou o controle sobre si mesmo.
Mas quem escreve sabe que isto não é exclusividade para as personagens. O enredo muitas vezes sai dos limites de nossas mãos, crescendo e se enraizando tanto que não caberia em um só volume. Isso nos leva a ponderar se o processo criativo realmente é um mérito do escritor. Não há dúvidas de que a história nasça e cresça dentro da cabeça do maluco que quer escrevê-la, mas todos concordam que é um processo praticamente autônomo. A criatividade é algo inconsciente. O escritor não procura a ideia, ela vem a ele.
Isso é defendido pelos súbitos momentos de inspiração, que já me puseram sentado dentro de uma livraria e me fizeram escrever freneticamente por meia hora me fazendo perder o ônibus para voltar pra casa, ou os conflitantes momentos de infertilidade. A disponibilidade para escrever sempre se conflita com a inspiração, e isso não acontecesse, talvez, se a criatividade fosse mais consciente... assim creio eu.
E para contradizer a mim mesmo, este processo é exercitável. Não me pergunte como, não sei como desenvolver o processo criativo. Para isto, não há manual, não há dicas... apenas a compreensão de si próprio, o que é a parte mais difícil.
A princípio, peço perdão pela individualização do título. A razão disso é que narro a maneira como este autor funciona, os processos podem ser diferentes para cada um.
Não sou bom com dissertações, este blog é um refúgio para minha escrita desleixada, por isso vou direto ao assunto: eles te dominam.
Foi isso o que ouvi de uma escritora já experiente, lá nos meus longínquos (nem tanto) 17 anos. Não tinha escrito nada além de fanfics até aquele dia, e foi essa a conversa que me incentivou a criar. Eu, a princípio, achei incomum aquele conceito, e o rejeitei. Ela insistiu: "quando você começar a escrever, eles vão te dominar".
Mas como? Como algo fictício, que está se formando dentro da minha mente, pode ter mais voz que eu? Como pode um ser que nem existe ter autoridade sobre o que eu vou escrever sobre ele?
Isso me lembra um conceito novo que conheci recentemente, o de que a poesia não é visitada por nós, é a poesia que nos visita. E quando ela não está a fim, os versos saem forçados...
Você idealiza um personagem para um determinado enredo que você pretende escrever. Você "precisa", por exemplo, de um vendedor de mercearia que seja simpático com todos. Mas, quando vai escrever a primeiríssima fala do vendedor, ele diz uma arrogância. Você acha estranho, tenta apagar e reajustar, tenta fazê-lo ser gentil, mas tudo que você escreve pende para a ignorância do tal. E num momento em que você escreve sem se preocupar com ele, aí surge uma arrogância ainda maior. Você reclama, apaga, reescreve, mas o personagem bate o pé e diz: "eu sou assim!". E a partir daí, não tem mais o que fazer. O personagem já ganhou vida e tomou o controle sobre si mesmo.
Mas quem escreve sabe que isto não é exclusividade para as personagens. O enredo muitas vezes sai dos limites de nossas mãos, crescendo e se enraizando tanto que não caberia em um só volume. Isso nos leva a ponderar se o processo criativo realmente é um mérito do escritor. Não há dúvidas de que a história nasça e cresça dentro da cabeça do maluco que quer escrevê-la, mas todos concordam que é um processo praticamente autônomo. A criatividade é algo inconsciente. O escritor não procura a ideia, ela vem a ele.
Isso é defendido pelos súbitos momentos de inspiração, que já me puseram sentado dentro de uma livraria e me fizeram escrever freneticamente por meia hora me fazendo perder o ônibus para voltar pra casa, ou os conflitantes momentos de infertilidade. A disponibilidade para escrever sempre se conflita com a inspiração, e isso não acontecesse, talvez, se a criatividade fosse mais consciente... assim creio eu.
E para contradizer a mim mesmo, este processo é exercitável. Não me pergunte como, não sei como desenvolver o processo criativo. Para isto, não há manual, não há dicas... apenas a compreensão de si próprio, o que é a parte mais difícil.
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