segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O herói que queria ter medo

Enfim, após várias promessas e insinuações, posso anunciar a prévia do lançamento do próximo volume assinado por Anderson Câmara (é eeeuu).

E aqui segue a história da estória. Lê se for achar interessante, se não pode pular pra capa. (rs)
 
'O herói que queria ter medo' era a princípio um título provisório, quando a história era apenas uma ideia e no fim acabou que era o melhor título possível. Certo dia caminhava eu pelas ruas do Rio de Janeiro após mais um dia de expediente e me veio a súbita ideia. Entrei numa livraria, sentei num puff (era uma livraria muito maneira rs) peguei meu caderno de poesia, que era só o que tinha em mãos, e fui escrevendo. Em meia hora eu resumi todo o enredo, do início ao fim, praticamente pronto.
E, como todo bom escritor procrastinador, deixei isso lá pensando: "depois eu pego e trabalho nisso". E poucos dias depois surgiu o concurso da Saraiva, cujo prêmio era a publicação e divulgação pela própria Saraiva... e umas barrinhas de ouro aí...
Faltando um mês para fechar o concurso, escrevi o livro em 20 dias. Levava o notebook pro trabalho e no horário de almoço escrevia. Enfim... terminei no prazo e foi aí que descobri que bloqueio mental é 50% falta de inspiração, 50% pura e simples preguiça.
Mas não fui selecionado no concurso. rs

Aí embaixo tá uma prévia da capa do livro.
Anunciarei o lançamento a tempo. :)


Sinopse:
 Numa terra banhada por mares frios, no alto de uma cadeia de montanhas, um pequeno vilarejo é guardado por uma ordem de guerreiros em gradativa extinção, os Drakuins. Dentre esses, Hendor se destaca por ser o único totalmente incapaz de sentir medo, mesmo sendo cercado por homens poderosos, corajosos e valentes. Seus atos destemidos o põem em perigo constante, de modo que seus companheiros sofrem para salva-lo da morte durante as ações dos Drakuins.
Contudo, um inesperado ataque à vila traz a promessa de destruição por parte de uma antiga criatura de olhos ambiciosos. Os conselheiros da vila, antigos guerreiros cujas cicatrizes contam histórias, decidem então que o jovem heroi deve aprender a ter medo antes de aceitar este desafio.
E assim Hendor abandona o conforto de sua vila para se empenhar numa jornada em busca daquilo que todos os guerreiros evitam.


Aguardem... então aproveitem :D

Translúcida


És límpido diamante
entre cascalho sem valor
Mantenha perseverante
teu brilho e teu penhor

És vívida flor rubra
entre tantas que morrem
Não permita que sufoquem
tuas macias pétalas puras

És cristalina sinfonia
entre ruídos perversos
Sustenta os teus versos
e tua bela harmonia.

Anderson Câmara

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Fragmentos resenhado.

Ficou preto mas
tem um link bem aqui ->https://www.facebook.com/camila.deusdara/posts/344106209118138?notif_t=mention

Outro aqui -> https://www.youtube.com/watch?v=D5UVE5OOKBM

E mais outro aqui -> https://www.facebook.com/ninhodefogo

Salve, leitores meus...

Venho com alegria (e uns restinhos de ansiedade) falar que o Fragmentos foi resenhado.

Então, pessoal. A Camila Deus Dará é autora do livro Ninho de Fogo e tem um... (como se chama blog de vídeo mesmo?) canal no youtube que dá dicas para escritores e resenhas de livros.
E, bem... aqui ela fala do Fragmentos.
Vê aí...
Se curtir, legal... se não, pode pelo menos fazer bom uso dos demais vídeos dela. rs


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Primeiras fotos do ano.

Bem, meus raros caros visitantes e leitores.
Não tenho muito a dizer quando o assunto é fotografia. Dizem que é a oitava arte, e não me considero um artista. Um celular com câmera e um sol baixo sempre fazem uma boa foto de paisagem. Então desisti de me fingir de fotógrafo e apenas estou postando as fotos mais legais.

 Algumas são de paisagens; em outras, a única paisagem é minha cara mesmo.

:)

 Como eu disse, sol baixo e câmera de celular.

Às vezes nem precisa ir longe pra ver colinas verdejantes e desertas no estilo O Senhor dos Anéis. Basta ir pra Queimados rs (isso aí não é queimados)

Eu numa exposição das obras de Kandinsky no CCBB, no centro do Rio. (OBS: nenhum dos quadros na foto é de Kandinsky)

A tradicional e antiga Travessa do Ouvidor. Tem mais história que os livros da Stephenie Meyer.

 Acima, minha espinha fazendo sombra o monumento em homenagem a Pixinguinha (você conhece um monte de música dele, só não sabe. Google tá aí pra isso) e abaixo o restaurante Zack's, todo ambientado nos anos 60 (dos EUA, é claro)

E pra fechar, minha cara de paisagem entre as prateleiras da Baratos da Ribeiro (que não é mais na rua Barata Ribeiro de Copacabana). Você acha o Fragmentos à venda lá. :D

Fotos com significado são mais legais... ;)

As Jornadas de Tinta

Se te indago:
"pode o homem voar?"
Louco e absurdo,
me responderás.

E se insisto:
"pode o homem percorrer
este mundo com minutos
apenas a decorrer?"
Tu rirás consigo.

Mas se tua alma
de arte estiver inundada
saberás que o papel
é o céu por onde se voa
com asas de imaginação.
E das linhas retas nuas
podes fazer tua estrada

Se as lacunas da vida
Preenches com arte
sabes bem das jornadas de tinta.

02FEV15
Anderson Câmara

A estrela de luz pura

Naveguei por inóspito mar
Voei por vertiginosa altura
Buscando a estrela de luz pura
Minha preciosa joia sem par

E quando teu brilho puro
pela primeira vez contemplei
Logo por ti, raridade, m'encantei
Pensei: "és a preciosa que procuro"

Mas eras tão vislumbrante
que teu brilho me ofuscava
e foi com pesar que o viajante

Viu não ser digno da joia rara
Então recuei, divagante
Sem desfrutar do que encontrara

Anderson Câmara
31JAN15

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Enfim... Vivo


Mais um conto que nasceu na taverna literária do Baratos da Ribeiro



Deitado na cama, ele fitava a escuridão. Seu olhar penetrava as trevas e as trevas penetravam sua mente. Em algum lugar daquele mar negro, um relógio de parede tiquetaqueava movido por duas pilhas secas. Tinha certeza que podia contar até três entre um e outro estalido da pequena máquina.
Tudo corria tão devagar...
Tudo era tão longo...
Tão sem sabor...
Tão cru...
Despido.
Sabia que aquele momento só não andava mais devagar por causa do relógio. Era o que impedia que seu coração explodisse no meio daquela agonia que pesava sobre ele e o pressionava contra a cama. Por fora, era apenas um ser humano aparentemente descansando, mas a angústia o assolava por dentro como uma tempestade que parte os galhos de árvores e levanta as poeiras. A angústia que lhe aflorava era acompanhada da sensação de a vida não ter mais sentido. Enquanto a falta de luz apagava a cor das paredes, sem luz sua vida se revelava totalmente vazia e despropositada; chegava a contorcer a face de pavor quando pensava que era apenas uma excelente obra do acaso, como as descritas por Darwin. Achava até injusto ter uma essência tão leviana e ser provido de consciência, era injusto sofrer por existir sem propósito.
Estava sozinho.
Queria ver rostos sorrindo quando ele anunciasse sua angústia ao mundo, queria ver polegares que lhe aprovassem as palavras com que se expressasse, queria ver existências semelhantes à dele adulando-o pelos poucos sopros que sua própria existência provocava no infinito universo. Mas não havia ninguém, ninguém entraria por aquela porta, ninguém o chamaria, ninguém perguntaria se estava tudo bem, ninguém lhe daria boa noite quando se cansasse de lamentar e a escuridão finalmente lhe injetasse sono.
Se mexeu.
Ergueu os braços para o alto e os sustentou até onde conseguisse aguentar. Até os braços finos de sedentário começarem a estremecer e queimar, e assim ele se sentia vivo. Mas de que adiantava existir se não fizesse ondas no mar do tempo quando por ele passasse?
Ergueu os braços novamente, dessa vez energicamente, e com raiva mostrou os dedos médios para a escuridão. Como antes, as trevas o engoliram e zombaram. Mas ele os agitou, mandando a escuridão se ferrar com todo o ódio que sentia por valer tão pouco no mundo.
Então as luzes se acenderam.
A cor das paredes voltou, alarmes na vizinhança soaram, cães latiram, crianças exultaram. A luz o surpreendeu com os dedos médios voltados para ninguém, e se sentiu subitamente idiota.
E aí o peito que estava agitado de pavor, se agitou de excitação.
Saltou da cama, arrastou a cadeira e se sentou diante do computador, vigiando ora o modem que se recuperava da queda de energia, ora o monitor que acendia e revelava as várias e lentas etapas da iniciação da máquina. Observava-os agitado, ansioso, sedento, ensandecido; como quem apreensivamente observa a heroína fervilhando na colher.
Enfim... vivo.


Anderson Câmara 06FEV2015

Não tão minha

É, moça
minha mocinha
não tão minha
Ainda moça

E esse meu acanho
em denunciar-me
por tanto admirar-te
teu sorriso e teu canto

E essa beleza de lua
de tenra lua
com alcance da vastidão
das numerosas estrelas

É... quisera tê-la
para além desses versos de carinho
tê-la assim, comigo
Como a poesia à natureza.

Anderson Câmara
30/01/2015

Hoje

Juventude é coisa de cabeça
mais que de corpo
Aproveita a idade que tem
sem lamentar a que já teve
e nem agourar a de ontem
pois o amanhã vira ontem bem rápido
Homenageie os vivos
pois os mortos não escutam
nem agradecem
e nem perdoam.
Se admira, faça saber
Se tem mágoa, perdoa
Isso tudo envelhece o coração.
Converse e ria com voz
se encontre por motivos banais sim!
Um emoticon nunca substitui um sorriso
Se não pode cuidar de si por você
cuide por aqueles que te amam.

Anderson Câmara
10/02/2015

sábado, 7 de fevereiro de 2015

De novo escrever...

Escrever...
Solta assim, a palavra dispensa tudo o que vem depois.
É a prática e o significado unidos em um.
Escrever...
Que é? Riscar, sequenciar símbolos secamente?
A capacidade de cumprir a linguagem sem língua?
Escrever...
É um pouco mais profundo...
Mas só pra quem não se contenta com a superfície das águas.
Escrever...
Para alguns é como viver.
Para alguns é se esconder.
Escrever...
Para outros, ainda, é se deixar ler.

É deitar a própria vida em linhas de tinta.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Quando faltou luz

Primeiro, senti o silêncio. Os ruídos imperceptíveis da vida urbana sumiram, e então se tornaram perceptíveis. Fornos industriais com seu vibrar grave, música em diferentes pontos do bairro, vozes de pessoas em bares e lanchonetes, tudo isso se mesclava e se tornava um único tom ressonante que zumbia no fundo do cotidiano. Não havia isso mais, a vida moderna, acostumada ao barulho constante, achou estranho a lacuna deixada, esse vazio invisível e tão presente, tão cheio e pesado.
Estranhava-se ouvir as vozes dos vizinhos, o baque seco do copo na mesa, as gotas de chuva do beiral, o som da própria respiração. A gente tinha esquecido o som da vida real, de tão habituados às televisões fervilhando, aos aparelhos elétricos chiando e aos celulares apitando. Depois de estranhar, o silêncio virou uma visita agradável. Porque a gente descobriu que toda essa parafernália moderna, que serve para facilitar a vida, acaba por muito estressar a mente e o corpo já estressados depois de um dia de trabalho e as inevitáveis três horas de trânsito. E esses sons individuais, que finalmente tiveram vez de dizer que existem, acabaram por receber grande apreciação.
O silêncio ressaltou o quão agradável é viver simplesmente. Mas a mente reage á falta de agitação como um drogado em abstinência, acaba sofrendo da própria solução por que tanto clama.
Depois, a falta de tecnologia fez lembrar como a gente esquece que o prazer maior da vida é conversar um pouco com os companheiros de lar, é a doce expectativa da janta ficando pronta, é escrever em papel, sentindo a ponte esferográfica roçar na aspereza da folha a cada letra construída.
Viver devagar estica a vida...

03FEV2015

Anderson Câmara