segunda-feira, 7 de julho de 2014

E o bloqueio?

Escrever... Tão prazeroso, tão trabalhoso.
Uma mente não deve apenas absorver, deve também produzir... Einstein, parece, disse algo parecido com isso. A escrita, o maior legado dos Fenícios deixado para nós, é a forma de arte mais praticada, e o tipo que mais se funde com o aspecto de ciência. Qualquer computador é capaz de vasculhar seu banco de dados e combinar as palavras para montar uma informação... mas somente um humano é capaz de fazer isso e provocar sorrisos, medo, lágrimas... É incrível como algo tão mecânico, tão dependente de normas e regras, pode ao mesmo tempo ser tão perfeitamente capaz de espelhar a alma humana, que se segue alguma norma ou regra ainda não compreendemos.
Dominando cada vez mais a escrita, somos cada vez mais capazes de detalhar o que se passa em nossa mente, ou naquele centro de emoções e vontades que os românticos chamam de coração. E, particularmente, a língua portuguesa, penso eu, é a mais vasta e completa no que se diz respeito a variedade de termos, palavras e expressões... um texto originalmente gerado em português perde muito, empobrece lamentavelmente, quando traduzido para o inglês. E mesmo conhecendo intimamente o idioma, mesmo dominando com maestria as técnicas de escrita, mesmo sendo um hábil manobrador de sinônimos e termos, os que se arriscam no hábito da escrita, seja prazerosa, seja por ofício, seja pelos dois, ainda caem no temido e tenebroso vale do bloqueio literário.
Como pode ser possível? Conhecendo todas as técnicas da escrita, se tornar inesperadamente incapaz de escrever. O desafortunado escritor se torna um computador orgânico, apenas fazendo vazias combinações no seu campo de dados, sem ser capaz de exercer sua tão orgulhosa criatividade.
Não creio em manuais para se tornar um escritor, não creio na eficiência de seguir as técnicas de outros escritores, cada mente, apesar de termos a mesma forma, funciona de forma diferente. Ou não, talvez todos funcionem da mesma forma, mas cada um compreende a si mesmo à sua maneira. E, portanto, o bloqueio literário nada mais se torna que uma falta de compreensão de si mesmo, dos próprios pensamentos.
Há quem escreva sobre qualquer coisa, há quem só escreva um tema... eu escrevo até sobre não conseguir escrever, escrevo sobre o nada, escrevo sobre o parcialmente tudo... não aceito o bloqueio literário, apenas escrevo.
O que fazer quando o bloqueio surgir? Descansar? Forçar? Se submeter a alguma situação que te inspire?
Eu apenas digo... compreenda-te.

2 comentários:

  1. Certa vez ouvi dizerem que um escritor, um escritor de verdade, deve escrever, bem ou mal, com inspiração ou não, deve sempre escrever. Não se pode deixar dominar pelo bloqueio literário, pois uma ideia pode surgir até onde aparentemente não há nenhuma. Na teoria, concordo com isso e concordo com o que você propôs em seu texto, mas na prática... bom, sabemos que sempre haverá aqueles momentos em que a mente parece vazia e oca e que nada, absolutamente nada, por mais precário que seja, nos ocorre para escrever. Eu ainda luto contra meus bloqueios literários, mas hoje em dia tenho tido-os cada vez menos. Acho que estou aceitando aos poucos a tal ideia de escrever sempre, independente do que for, assim como parece que você aceita também.

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    1. Escrever sempre... realmente, Mariana. Por mais mal escrito que possa estar, escrevi esse texto durante um "bloqueio literário"... Por isso não acredito que exista bloqueio, existe uma falta de compreensão do funcionamento da própria mente. rsrs

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